INTRODUÇÃO
I - O divórcio no Antigo Testamento
II - O ensino de Jesus a respeito do divórcio
III - Ensinos de Paulo a Respeito do Divórcio
CONCLUSÃO
DIVÓRCIO NO PERÍODO INTERBÍBLICO
Entre os judeus, havia duas escolas importantes, que ditavam as
normas de comportamento para sociedade. Essas normas vigiam no tempo de
Jesus.
A Escola de Shammai
Este rabino tinha uma interpretação radical do Deuteronômio 24.1.
Segundo seu entendimento, a carta de divórcio só podia ser dada à
mulher em caso de fornicação ou infidelidade conjugal. De certa forma,
era uma evolução do pensamento judaico, pois uma leitura cuidadosa do
texto referido dá a entender que a mulher só podia ser despedida se o
homem achasse nela “coisa feia”, ou “coisa indecente”, sem que isso
fosse a prática de infidelidade ou prostituição, visto que às mulheres
infiéis só restava a pena de morte (cf. Lv 20.10; Dt 22.20-22). Mas a
visão de Shammai era bem aceita por grande parte dos intérpretes da Lei.
Veremos que Jesus corroborou esse pensamento, quando doutrinou sobre o assunto.
A Escola de Hillel
Este era um rabino de visão liberal, e favorecia a posição do homem
em relação à mulher. Para ele, o homem poderia deixar sua mulher,
divorciando-se dela, “por qualquer motivo”, por qualquer “coisa feia”,
ou “coisa indecente”. Tais coisas seriam as que já enumeramos antes:
andar de cabelos soltos, falar com homens que não fossem seus parentes,
maltratar os sogros, falar muito alto, etc. Assim, o homem podia
divorciar-se a seu bel-prazer. Com isso, o divórcio, ao invés de
proteger a mulher, dando-lhe direito a uma nova oportunidade de
constituir um lar, fê-la uma vítima em potencial dos caprichos machistas
da época.
Segundo o Dr. Alfred Edersheim, a mulher podia, “como exceção,
divorciar-se, no caso de ser o marido leproso ou trabalhar em serviço
sujo, por exemplo, em curtume ou em caldeira, e também no caso de
apostasia religiosa, caso abraçasse uma religião herética” (citado em
Divórcio à Luz da Bíblia, p.30). Esse último conceito não tem base
veterotestamentária. Era uma evolução da lei judaica.
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“[…] Existem duas linhas opostas sobre o divórcio: uma que crê que
Jesus revogou o divórcio previsto em Deuteronômio 24.1-4; outra que
admite que o Novo Testamento permite o divórcio em situações
excepcionais[…].
Analisando o divórcio à luz da Bíblia, vimos que ele estava previsto
na lei de Moisés e era realizado nos tempos do Antigo Testamento. Era
uma prática comum nas comunidades judaica, grega e romana, nos dias do
ministério terreno de Jesus e de seus apóstolos. Vimos também que o
divórcio está amparado pelo Novo Testamento nos seguintes casos: prática
de prostituição (MT 5.31,32; 19.9) e impossibilidade de reconciliação
entre os cônjuges em casais mistos, desde que a iniciativa seja da
parte descrente (1 Co 7.15). Fora isso, o divórcio será adultério, caso
o divorciado ou a divorciada contraia novas núpcias.
John Stott, em sua obra Grandes Questões sobre o Sexo, declara de
maneira resumida o propósito de Deus com o casamento e de que maneira o
divórcio é visto biblicamente, nos seguintes termos:
1. Deus criou o homem, no princípio, macho e fêmea, tendo ele
mesmo instituído o casamento. Era seu propósito e ideal que a
sexualidade humana se realizasse através do casamento, e que esta fosse
uma união exclusiva, amorosa e vitalícia.
2.
Em nenhum lugar da Escritura se aconselha ou se encoraja o divórcio.
Pelo contrário, mesmo no caso de ser biblicamente justificado ele
continua sendo um lamentável pecado em relação ao ideal divino.
3. O divórcio e o novo casamento são permissíveis (não
imperativos) sobre duas bases. A primeira é aquela em que há uma parte
inocente e outra culpada de imoralidade sexual. Em segundo lugar, o
cristão pode concordar com a deserção do cônjuge no caso de este se
recusar a viver com ele ou ela.
Entretanto, em ambos os casos a permissão é concedida em termos
negativos e relutantes. Somente querendo alguém se divorciar sobre o
fundamento de infidelidade conjugal é que recasamento não resulta em
adultério. Somente se a parte não cristã insiste na não convivência é
que a parte cristã “não está mais sujeita” (STOTT, 1993, pp. 93,94).
Sem essa compreensão sobre casamento e divórcio, fica difícil para o
pastor aconselhar as pessoas que se encontram nessa situação. Quem
defende tais princípios terá condições de êxito no aconselhamento para
os casais. Essa linha resumida, traçada acima por John Stott, é o padrão
que a maioria das igrejas evangélicas segue, e está amparada pela
Palavra de Deus.”
Texto extraído da obra ” Casamento, Divórcio e Sexo À Luz da Bíblia”, editada pela CPAD.
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